Nunca soube o que fazer
com os espaços que ficam
depois que alguém vai embora
uma dúvida insiste
e de tanto, o meu tentar desiste
de trocar a ausência
por qualquer coisa que fira menos:
nada para repor
nada para suprir
nada que realmente comportasse
o encanto de algo que ficou para trás.
NUNCA E SEMPRE
Sempre cheguei tarde ou cedo demais.
Não vi a felicidade acontecer.
Nunca floresceram
em minha primavera
as rosas que sonhei colher.
Mas sempre os passarinhos
cantaram e fizeram ninhos
pelos beirais
do meu viver.
O poeta é um fingidor, Fernando Pessoa (ele mesmo)
“O poeta é um fingidor, Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração.” ( “Autopsicografia”; 1930)
Fernando Pessoa dizia de si próprio que era “... um outro, enquanto poeta, outro que usava seu nome, mas não era ele”. Aos amigos, quando perguntavam sobre a vasta (e diversa) produção poética, respondia “... eu não sou ninguém e sou todos eles”. Profundamente ligado à mãe e à pátria portuguesa, Fernando Pessoa não é um tipo melancólico, mas sim romântico. Consciente da musicalidade das palavras, chama os poemas assinados como Fernando Pessoa de “Cancioneiro”. Poeta de dimensão mística, o único livro que publicou em vida recebeu o nome de “Mensagem”, uma tentativa de narrar a História de Portugal a partir do lado oculto.
Esse foi o poema resultado de um teste desenvolvido por Fernando Segolin, professor de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP, que com 13 perguntas sobre você apresenta ao final com qual poema de qual heterônimo pessoano você se identifica. Vale a pena participar.
...É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo... Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê passar. Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"
O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de andar pelas estradas Olhando para a direita e para a esquerda, E de, vez em quando olhando para trás… E o que vejo a cada momento É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem… Sei ter o pasmo essencial Que tem uma criança se, ao nascer, Reparasse que nascera deveras… Sinto-me nascido a cada momento Para a eterna novidade do Mundo… Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender … O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo… Eu não tenho filosofia: tenho sentidos… Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso, Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar … Amar é a eterna inocência, E a única inocência não pensar…
Deixa-me errar alguma vez, porque também sou isso: incerta e dura, e ansiosa de não te perder agora que entrevejo um horizonte. Deixa-me errar e me compreende, porque se faço mal é por querer-te desta maneira tola, e tonta, eternamente recomeçando a cada dia como num descobrimento dos teus territórios de carne e sonho, dos teus desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões, e dessa escadaria de tua alma. Deixa-me errar mas não me soltes para que eu não me perca deste tênue fio de alegria dos sustos do amor que se repetem enquanto houver entre nós essa magia. Lya Luft In: Secreta Mirada
Eis-me Tendo-me despido de todos os meus mantos Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses Para ficar sozinha ante o silêncio Ante o silêncio e o esplendor da tua face. Mas tu és de todos os ausentes o ausente Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras E o teu encontro São planícies e planícies de silêncio. Escura é a noite Escura e transparente Mas o teu rosto está para além do tempo opaco E eu não habito os jardins do teu silêncio Porque tu és de todos os ausentes o ausente.
Achei a música super apropriada com essa poesia de Cruz e Souza, um poeta amargurado e com a data mítica que é a sexta-feira 13... Espero que gostem...
Um ambiente para trocar e movimentar idéias,expressar e respeitar opiniões, fazer e fortalecer amizades,independentemente de cor, credo,opção sexual e afins...Enfim, para ler e ouvir o que a vida tem de bom!!!!E conhecer um pouco de mim...